Aqui tinha uma árvore...

Toda árvore já foi uma semente e toda cidade já foi árvore.

Qual a relação das duas? Uma gerou a outra.

Se hoje, a cidade grande e com uma rica paisagem de espécies diferentes existe, é porque algum dia todas aquelas espécies predominavam ali (e até outras mais).

Algumas cidades conseguem reconhecer o grande valor das árvores (que vou chamá-las de Povos em Pé).

Já outras, descartam suas chances de serem auto sustentáveis graças à todas as riquezas que esses Povos em Pé podem trazer aos seres humanos (que aqui irão se chamar apenas de Ser).

O Ser elimina sua existência cortando o bem pela raiz.

Com a chegada do Ser ao local que ele adotou como casa, a vontade de limpar tudo e deixar só o que necessário tomou de conta das suas mãos e fez com que ele tirasse dali até o que não deveria.

Um exemplo, árvores frutíferas e que poderiam lhe servir além da alimentação, como também, uma forma de viver em sintonia com suas próprias raízes.

Que vale lembrar, são raízes diferentes mas que se cruzam por cima da terra de uma forma que ainda hoje não é possível descrever em palavrinhas miúdas, mas em grandes sensações.

Só estando presente para entender.

A oportunidade de possuir um espaço com matéria “gratuita “ chamou a atenção do Ser e o fez modificar o espaço em prol das suas necessidades.

Enquanto os Povos em Pé ainda estavam no período de florescer, o Ser já queria colher.

E toda essa necessidade imediata foi tomando forma desgovernada e a natureza não deu conta dessa produção imediatista.

Ficou difícil o acesso, foram chegando épocas de escassez e produção incompleta.

Períodos difíceis vieram e a vontade de voltar à traz e ir devagar na colheita já tomava de conta do Ser.

Foi preciso migrar, seguir caminho à diante.

Em busca de outra terra farta, que ele( o Ser) acreditava com ganância ser algo infinito e que não precisava de sua contribuição para acontecer o período de floração dos frutos. Um grande erro!

Tanto andou e procurou que enfim encontrou, uma nova terra e um novo espaço.

Prontinho pra ser exploração e aproveitado da forma que o Ser quisesse. Então ele decidiu explorar de forma coletiva, e com o coletivo dividir seus frutos.

Usando diferentes tipos de moedas de trocas, o Ser tirou da terra até o que já não se podia tirar.

Os povos em Pé já não eram a grande maioria naquele espaço.

Grandes construções ocupavam. Pisadas, pés. Cortes, objetos perfurantes e afiados “limpavam “ o que antes era só verde e que agora passou a ser uma mistura de muitos tons. Tanto na terra como no ar.

Era a poluição, chovia muito agora e a terra já não tinha o mesmo equilíbrio.

A cidade cresceu.

E os Povos? Eram apenas árvores que dividiam espaço com todos os Seres, mas que agora passaram a ter sua existência ameaçada.

As árvores estavam mais seguras em meio a cidade.

O antigo espaço onde vivam havia sido devastado.

Os Povos em Pé que antes serviam de casa apenas para os pássaros agora eram divididos em partes e usados em diversas formas e em sua maioria apenas para os Seres humanos.

Continua...